segunda-feira, 26 de setembro de 2016

MARIA TERESA SALGADO…
… UMA MULHER DE (DA) ESPERANÇA!

Dra. Maria Teresa Salgado de Morais
Se para muita gente, há tempos e datas importantes, para si mesmos ou para os seus percursos ou projetos de vida… pode não ser menos verdade que tal possa também acontecer, relativamente a movimentos sociais e organizações, sim, porque elas também não são algo amorfo ou sem alma, porque feitas de pessoas, com pessoas e para pessoas. Vem tudo isto a propósito do seguinte:

Vinte e seis de setembro, é uma data importante na vida de uma pessoa, na vida de uma família, na vida de uma comunidade de irmãos, na vida do grande movimento que é o Voluntariado que se realiza no campo da saúde; e para a Federação Nacional de Voluntariado em Saúde. Falo da Professora Doutora Maria Teresa Cortez Salgado de Morais que inesperadamente deixou o mundo dos vivos a 26 de setembro de 2005, “apesar dos seus setenta e oito anos cheios de vida, de força, de juventude, de ternura, de alegria e de esperança.”, como alguém afirmou em peça jornalística publicada na altura.


Segundo afirmou Dom Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, na cerimónia das exéquias fúnebres, “a Professora Doutora Maria Teresa Salgado Morais é uma das pessoas que nos ajuda a reavivar a fé, a compreender o que é cultivar a esperança e deixa para o mundo um apelo a essa mesma esperança.”, cuja postura, repleta de amor e de tal “simplicidade que não deixava ninguém indiferente. O seu sorriso de bondade e a forma como acolhia mostrava-nos o conteúdo do seu bondoso coração.”

Para além de ter sido Professora de Físico-Química no Instituto Superior de Engenharia do Porto e membro da Comissão Nacional para a Humanização e Qualidade dos Serviços de Saúde e da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, a Doutora Maria Teresa, lançou as bases e a estrutura do que é hoje o Secretariado Diocesano da Pastoral da Saúde do Porto que surgiu em 1983, onde teve responsabilidades de direção; implementou e presidiu à Associação Voluntariado do Hospital de São João – Porto  “onde se deu inteiramente aos outros, sendo este hospital a sua segunda casa.”

A Doutora Teresa foi altamente considerada pelo Conselho de Administração do Hospital de São João que em tempo, dirigindo-se o aos voluntários, lhes disse da sua (do CA) “admiração por terem resistido ao desgaste da vossa generosidade. Às vezes dão-se e não são bem compreendidos». O CA terá salientado ainda o papel “da espetacular mulher que foi a Dr.ª Teresa Salgado que ajudou a Associação a resistir à erosão sem nada receber em troca”.

Ainda Dom Armindo, viria a salientar o papel de voluntária da Doutora Teresa, afirmando que “No Hospital de S. João foi uma pioneira, uma apostola do voluntariado. Voluntariado que vinha da paixão da solidariedade, da paixão pelas necessidades dos outros.”, porque segundo ele, “estar ao serviço num hospital é sobretudo ser um apelo, uma nota de esperança para os que sofrem e estão em risco de perder a esperança. O entusiasmo na entrega total ao voluntariado com a determinação própria de quem tem ideias e as justifica pelas iniciativas. Apostolado que faz discípulos, o voluntariado atingiu uma grande importância a nível nacional e ultrapassou fronteiras.”

A Federação Nacional de Voluntariado em Saúde - FNVS também é fruto do entusiasmo, da entrega e do dinamismo da Doutora Teresa, que sempre em harmonia com o seu marido, Benjamim de Morais, dinamizou ou ajudou a criar inúmeras Organizações de voluntariado em muitas Unidades de Saúde do Serviço Nacional de Saúde, participou ao mais alto nível do Estado e aí defendeu o voluntariado no campo da saúde e de algum modo representou os voluntários, essa multidão que ainda ninguém conseguiu contar.


A FNVS “nasceu” em maio de 2007, mas esse facto foi o resultado do sonho sonhado pela Doutora Teresa e por quem a circundava na atividade, nomeadamente por quem, olhando, não apenas para o passado, mas sobretudo para o futuro, teve a coragem de, contra algumas marés vivas ou revoltosas, rasgar os mares e seguir em frente em direção à organização global do voluntariado em saúde de Portugal. Já somos muitos, mas queremos ser mais. Somos 53 Organizações de voluntariado da saúde, o (talvez) equivalente a um universo de cerca de 25 mil voluntários.

Embora possam existir diversos caminhos para que se atingir o mesmo objetivo, a verdade é que como a Doutora Teresa, continuamos a acreditar que este é o caminho. A Federação Nacional de Voluntariado em Saúde – FNVS é esse caminho para a integração, para a representação e para a defesa dos valores, dos direitos e dos interesses das inúmeras Ligas de Amigos e Associações de Voluntariado ou de Voluntários que atuam nas muitas Unidades de Saúde, públicas ou privadas, mas também nas comunidades e na educação e na promoção da saúde e de estilos de vida saudável.

Como Dom Armindo relativamente à Igreja do Porto, também nós, aqui e agora, queremos tributar à Doutora Teresa, “homenagem e gratidão”. Ela que como a mancha flutuante amarela e verde na Igreja da Trindade “fazia nascer sentimentos de alegria e de esperanças.” Também nós ousamos testemunhar “a saudade do seu sorriso que não morrerá, porque foi luz a iluminar caminhos de Esperança.” Como um dia terá ela mesma afirmado, “dar esmola material será caridade. / Mas dar a palavra firme / Dar tempo, disponibilidade / Dar-se a si mesmo… é sublime.”
Doutora Teresa! para si... a PAZ!
Nota!
Este blogue não se encontra completo. Isso só acontecerá se os leitores que conheceram e privaram com a Doutora Teresa, nos enviarem os seus testemunhos para o seguinte endereço eletrónico: geral.voluntariadoemsaude@gmail.com . Aguardamos os vossos contributos
Esta peça é da exclusiva responsabilidade de João António Pereira, presidente da Direção da Federação Nacional de Voluntariado em Saúde. Porto, 26 de setembro de 2016.

http://www.etc.pt/VP/ler_seccao2820a.html?diranter366*8%7C2


Benjamim de Morais
Benjamim Martins de Morais:

"Depois de atentamente ler o vosso texto de homenagem à Maria Teresa, sinto-me lisonjeado com a obrigação de agradecer e, convosco, continuar esta caminhada iniciada por ela. Um Bem Haja a todo(a)s.”



2 comentários:

  1. Privei várias vezes com a Dra. Teresa no âmbito dos trabalhos preparatórios da Federação Nacional de Voluntariado em Saúde. Excelente senhora, mulher de Fé, de sonhos e de muito servir quem se ama: os nossos irmãos doentes e desvalidos. Afinal, os mais excluidos dos excluidos. Deus te bendiga Dra. Teresa. Paz e Bem!

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  2. Estive no 8 encontro nacional e recordei a Dra. Teresa, a Teresinha. Foi com isso que ela sonhou. Um voluntariado que mostra força, garra, dedicação e muito muito muito amor ao próximo; e que serve, serve, serve sem se cansar. Dra! Foi tão bom estar em Tomar. O teu e nosso espírito estava lá. E o Espírito também por lá pairava, não fosse aquela a terra das festividades ao Divino Espírito Santo. Obrigado Dra!

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