CROWDFUNDING
A corrente vaga de empreendedorismo evidenciada
um pouco por todo o mundo tem-se transmitido com a crescente proliferação de
ideias e projetos. Tal como a conjuntura económica e do mercado de trabalho
demonstram, estamos perante uma era em que a realização profissional exige
maior autonomia por parte das pessoas, e esse estímulo tem potenciado as
capacidades de iniciativa e de gerar novas ideias e negócios a partir do zero.
Não obstante, no reverso da moeda, também se verifica que inúmeros esboços e
planeamentos não chegam a “sair do papel” e a ser colocados em prática, por
falta de fundos e investidores.
Todo este contexto tem influenciado o setor empresarial,
forçado a adaptar-se aos tempos modernos e a dar apoio à avalanche de projetos
que surgem a um ritmo diário, e que trazem consigo outras oportunidades. Assim,
são já várias as organizações que, fomentando a partilha e convivência entre
empreendedores e apoiantes das mesmas causas, investem os seus recursos no
acompanhamento das novas ideias, dando-lhes seguimento e permitindo a sua concretização.
O que é então o crowdfunding?
O crowdfunding, ou sistema de financiamento
colaborativo, é uma prática relativamente recente, com o objetivo de angariar
fundos para financiar iniciativas de interesse público. Nos últimos anos,
foi potenciado pela Internet, através de técnicas de micropagamento, que
permitiram a cidadãos de todo o mundo conhecer e contribuir, com os valores que
decidirem, para iniciativas que queiram ver realizadas.
Trata-se de um modelo baseado na partilha dos mesmos
interesses e na possibilidade de múltiplas fontes de financiamento. De facto,
o crowdfunding proporciona uma dualidade de oportunidades:
tanto para os autores dos projetos, como para a própria comunidade, que pode
assim participar ativamente e assumir outra preponderância nas causas em que
acredita e apoia. Hoje em dia, é uma prática importante ao nível da
filantropia, apesar de comportar outras vertentes e finalidades, casos da arte,
jornalismo cidadão, desporto ou política.
Como funciona?
O modelo de funcionamento do crowdfunding é,
na verdade, bastante simples e fácil de compreender. Em primeiro lugar, o autor
do projeto (promotor) escolhe uma das plataformas online disponíveis
para o dar conhecer, estipulando um montante mínimo e um prazo de angariação
para que este possa avançar. Caso a meta seja atingida dentro do período de
tempo estimado, o promotor recebe os fundos e passa à concretização do projeto.
Caso se verifique o contrário, todo o capital recolhido é devolvido.
De forma a despertar a participação de investidores,
costumam haver certas recompensas, geralmente relacionadas com os fins dos
projetos associados. Como mecanismo de sustentabilidade, as plataformas
de crowdfunding, por norma, cobram uma comissão em cada projeto –
valor simbólico que não costuma exceder os 10% pedidos pelo promotor.
As vantagens que traz
Além de funcionarem como pontes entre as iniciativas, os
empreendedores e a comunidade, as plataformas de crowdfunding trouxeram
outro tipo de vantagens, a começar pela procura de investimento.
É uma espécie de verdade generalizada que, quando
procuramos capital de investimento, recorremos inicialmente a círculos
pequenos, como a família, amigos e conhecidos. Logicamente que, assim, as
opções são escassas e as probabilidades de sucesso reduzidas. O crowdfunding veio
permitir alargar a procura por investimento para um patamar claramente
superior, constituído por outro círculo: a crowd(multidão,
comunidade).
O facto de ser alguém desconhecido a financiar o projeto
não só é indiferente ao empreendedor, como traz o benefício da ligação
emocional dos intervenientes e, por conseguinte, maior divulgação e garantias
de sustentabilidade futura.
Atualmente, várias empresas têm desviado a sua atenção
para o crowdfunding e, ao abrigo das suas políticas de
responsabilidade social, participado com iniciativas próprias e parcelas de
investimento. Tal prática traduz-se num acréscimo de visibilidade e na
fidelização do público que já têm. Nos casos em que os projetos são serviços
para a comunidade, a participação das pessoas pode mesmo constituir a primeira
carteira de clientes.
Crowdfunding em
Portugal
Em Portugal, a vida não está fácil para quem pretende
financiar-se junto das instituições financeiras. Apesar da conjuntura económica
do país, ou talvez por isso, já estão a ser dados os primeiros passos no crowdfunding.
Surgem mais projetos e plataformas, como a “OLMO”, a “Massivemov” e a “PPL ”, cujo lema é “pequenos investimentos x grande
comunidade = excelentes projetos”. Por último, é sempre um bom indicador para a
economia portuguesa verificar que aqui também se considera haver boas oportunidades
para captar investimento.
Ricardo Marques / Universidade Lusófona / Porto
Artigo publicado em 05.03.2014 na categoria de Empreender etiquetas Crowdfunding, financiamento
http://empreendedorismo.pt/crowdfunding
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