segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Em 2015, Lisboa foi Capital Europeia do Voluntariado

“Lisboa
necessita todos os dias
da energia solidária das pessoas”

Em jeito de balanço, João Afonso, vereador na Câmara Municipal de Lisboa responsável pelo pelouro dos Direitos Sociais, explica como a capital, com o seu reconhecido dinamismo nesta área, aprofundou, durante todo o ano de 2015 como fazer mais e melhor voluntariado.

Lisboa foi, durante 2015, Capital Europeia do Voluntariado. Como surgiu o envolvimento da CML e o que levou à decisão de candidatar Lisboa a esta iniciativa?
O concurso que escolhe a Capital Europeia do Voluntariado tem critérios de seleção alinhados com a Agenda Política Europeia para o Voluntariado, um documento que resultou do Ano Europeu do Voluntariado (2011) e que estabelece recomendações para o desenvolvimento do voluntariado no espaço europeu e nos serviu de referência. A candidatura de Lisboa, feita a partir do trabalho feito pelo Banco de Voluntariado do município, proporcionou, desde logo, uma reflexão a nível interno sobre o ponto a que conseguimos chegar, mas, principalmente, sobre o trabalho que ainda tínhamos, e temos, por desenvolver. Em segundo lugar, o quadro de uma potencial Lisboa Capital Europeia do Voluntariado em 2015 proporcionaria melhores condições para desenvolvermos trabalho no domínio do voluntariado e traria mais oportunidades às pessoas voluntárias e organizações de voluntariado. Estas foram as razões para decidirmos candidatar a cidade de Lisboa a Capital Europeia do Voluntariado.
Como foi este processo? Que entidades envolve e porque foi Lisboa escolhida?
Lisboa foi escolhida pela relevância do seu trabalho no domínio do voluntariado. O júri, constituído pela organização promotora do concurso – o Centro Europeu de Voluntariado -, considerou que foi a cidade candidata que mais próxima estava das orientações europeias para o Voluntariado e em que o dinamismo desta área se notava em diferentes vertentes da vida da comunidade.
Que estratégia foi então definida para levar a cabo durante todo o ano? Que projetos nasceram no seio desta iniciativa?
O programa Lisboa Capital Europeia do Voluntariado 2015 foi estruturado em três eixos estratégicos de ação, que resultam do cruzamento entre a Agenda europeia e as necessidades específicas da cidade.
O primeiro destes eixos passava pela Qualidade, visando o desenvolvimento das condições que as pessoas voluntárias encontram nas organizações de acolhimento, mas também na sensibilização para a responsabilidade assumida por estas pessoas para com as organizações. A criação do Programa +Voluntariado, em parceria com a Confederação Portuguesa do Voluntariado veio trazer mais condições financeiras para assegurar a qualidade dos processos de voluntariado na cidade. Este é o primeiro programa municipal de apoio financeiro direto ao Voluntariado, que pretende servir de incentivo para ideias inovadoras.
No eixo do Reconhecimento, pretendia-se atuar de forma a dar visibilidade às pessoas voluntárias e à importância das áreas em que intervêm, mas também valorizar as aprendizagens desenvolvidas nos processos de voluntariado. A criação do Prémio Municipal de Voluntariado e do Mecanismo de Reconhecimento de Aprendizagens em Voluntariado são dois exemplos de iniciativas enquadradas neste eixo.
Finalmente, o Quadro Institucional, terceiro eixo, visava a melhoria das práticas organizacionais e do quadro legal para o voluntariado. O I Encontro Intermunicipal de Voluntariado, que reuniu representantes de doze autarquias de todo o país, foi uma das iniciativas que promoveu a partilha e reflexão sobre os quadros e práticas institucionais no país.
Terminada a iniciativa, que balanço faz? Como foi a adesão? Que projetos vão continuar?
O número de voluntários e instituições inscritas no Banco de Voluntariado em Lisboa aumentou consideravelmente – sendo neste momento um dos maiores da Europa – e o seu papel em variadas iniciativas alargou-se a uma rede de coesão e participação que se pretende cada mais interventiva. Da cultura ao desporto, do ambiente à intervenção social, há mais pessoas dispostas a dar parte do seu tempo, experiência e conhecimento aos outros.
A cooperação interinstitucional no seio da Capital foi também um ponto importante, pois permitiu às entidades envolvidas desenvolver parcerias existentes e fomentar outras novas. Na Comissão Organizadora da Capital, para além da Câmara Municipal de Lisboa, participaram a Confederação Portuguesa de Voluntariado, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação EDP, Grace e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mas muitas outras (num total de 108 entidades) contribuíram para o sucesso das quase trezentas iniciativas da Capital e para o desenvolvimento da cooperação no Voluntariado em Lisboa.
Mas o trabalho não terminou com a passagem dos testemunhos para Londres e Sigo, que serão capitais em 2016 e 2017, respetivamente. Lisboa foi palco da escolha não de um, mas de dois novos pólos do voluntariado europeu, exatamente para permitir a partir de 2015 que as cidades tenham mais tempo para se preparar. Entretanto, Lisboa não parou e nesta área decorre presentemente a fase-piloto do Mecanismo de Reconhecimento de Aprendizagens em Voluntariado. Por outro lado, o Prémio Municipal de Voluntariado está em fase de apreciação para em breve ser atribuído; estão em preparação novas edições de atividades como o Mercado Municipal de Voluntariado ou o II Encontro Intermunicipal de Voluntariado que acontecerá este ano em Cascais; o Guia de Gestão de Voluntariado continuará a ser complementado com mais boas práticas; o Programa de Voluntariado Interno da CML continuará a ser implementado. Estas são apenas algumas das iniciativas que encontram seguimento após a Capital e que trouxeram um impacto sustentável ao Voluntariado em Lisboa e mais além.
Que importância assume particularmente esta área do Voluntariado para a CML? Que projetos se destacam?
Não é por acaso que o Voluntariado se encontra no Pelouro dos Direitos Sociais. Vemos esta área como chave para dar resposta a uma cidade que, todos os dias, necessita da energia solidária das pessoas e das organizações para melhorar a vida de todos. O voluntariado é também uma ferramenta de desenvolvimento da coesão social numa cidade de tanta diversidade como Lisboa – em processos de voluntariado também se aprende sobre Direitos Humanos e Cidadania. Diversos projetos importantes de voluntariado tiveram lugar em Lisboa e foram reconhecidos, mas todos os dias, em muitos outros momentos e iniciativas, mais pequenas, com certeza menos visíveis, há formas de voluntariado que marcam a vida da comunidade.
É nosso empenho continuar a melhorar as condições das pessoas voluntárias e organizações para que estas possam continuar a dar as suas respostas com cada vez melhor qualidade e motivação. O Programa Municipal de Voluntariado e o Banco de Voluntariado de Lisboa têm sido dois instrumentos essenciais para este fim.

Por Sónia Bexiga/OJE / http://www.oje.pt/voluntariado-lisboa-necessita-todos-os-dias-da-energia-solidaria-das-pessoas/

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