Eugénio Fonseca, presidente da Direção da Confederação Portuguesa do Voluntariado |
O VOLUNTARIADO
DÁ MAIS FUNDAMENTO
À ECONOMIA
NA SUA COMPONENTE
SOCIAL
Ser voluntário é
mais do que apenas um impulso de cidadania. Não basta que haja simplesmente uma
dimensão gratuita de prestação de serviços de valor social para integrar a
economia social. O valor do voluntariado deve assumir uma filosofia diferente
da economia de mercado, já que possui uma componente acrescida de humanismo,
contribuindo também com mais de cinco por cento do seu trabalho para a
contabilidade do Produto Interno Bruto. “O voluntariado dá mais fundamento à
economia na sua componente social”, resume Eugénio da Fonseca, presidente da
direção da Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV).
Além de ter
vários desígnios em outros tantos campos de interesse, o grande objetivo da
Confederação é “fazer aquilo que alguns consideram ser um obstáculo, que é a
congregação de esforços. Esta sociedade rege-se pela economia de mercado e a
economia social só pode existir se houver essa componente humana”, considera
Eugénio da Fonseca.
Como
consequência da necessidade de reforçar a “componente humana” do voluntariado,
a CPV aguarda pela aprovação, por parte do novo ministro do Trabalho, da
Solidariedade e da Segurança Social, Vieira da Silva, de um Projeto de Promoção
e Valorização do Voluntariado, entregue pela Confederação ao anterior
Executivo, mas para o qual não houve tempo de aprovação. No entanto, Eugénio da
Fonseca aguarda que o novo detentor da pasta, “sensível a estas questões, possa
dar uma resposta positiva nos próximos dias”.
A aprovação
desse projeto permitirá à CPV contribuir fortemente para que haja menos quem
pense que, “se cumprir as obrigações laborais e pagar impostos, já está a cumprir.
Mas é necessário criar uma civilização nova, em que a distribuição da riqueza
seja mais equitativa. Quem tem trabalho, devia dedicar algumas horas ao serviço
dos outros, sem a componente contratual”, defende Eugénio da Fonseca.
O presidente da
direção da CPV acredita ser “preciso andar mais e com mais velocidade na
formação de pessoas que se dedicam a esta atividade. Não basta ter bom coração,
é preciso também haver instrução para cuidar de terceiros”.
Como análise ao
momento atual e aos desafios que são colocados ao voluntariado no âmbito da
Economia Social, Eugénio da Fonseca defende ser necessária “uma maior exigência
das instituições na formação e uma escola acreditada para os conteúdos
primários da ação do voluntariado. Um médico pode colaborar numa instituição de
voluntariado na sua área, não precisa de formação adicional, mas tem de fazer
formação específica para o voluntariado”.
O Governo,
finaliza Eugénio da Fonseca, em tom de análise, deve ter “uma atitude
subsidiária de parceria, em que os apoios poderão não ser financeiros, porque o
objetivo é colaborar com o Estado em áreas que não sejam financeiras. As metas
são: fazer com que o cidadão participe mais voluntariado, obter uma
representação nacional, proporcionar mais formação e criar condições para que
as associações desempenhem bem o seu papel”. Mário Barros
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