Ser voluntário é amar o próximo
Gratificante para quem
o exerce, o trabalho como voluntario é muito valioso para aqueles que
beneficiam dele. Na generalidade o voluntariado é prestado sobretudo às pessoas
mais carentes da sociedade e isso é uma obra de misericórdia
Devo confessar que me apercebi cedo do que é o trabalho
voluntário em prol do próximo. Isso aconteceu na década de 60, era eu muito
jovem. O relacionamento que encetei com uma irmã de uma congregação religiosa,
que visitava regularmente os doentes oncológicos de
um hospital da capital,
permitiu-me compreender não só o sacrifício de quem o fazia, como a bênção que
era para as pessoas que dele usufruíam.
Ao longo da vida acompanhei outras pessoas e instituições que
tinham no trabalho voluntário uma forma de conviver e ajudar os outros, o que
sempre me sensibilizou. É preciso muita coragem para prescindir por vezes dos
interesses ou comodidades pessoais e doar-se a uma causa de necessidade alheia.
Apesar disso, verificamos que o número de voluntários é cada vez maior em
muitas áreas, não apenas no nosso país, como até para ajudar e trabalhar
noutros países.
O voluntariado é o conjunto de ações de interesse social e
comunitário em que toda a atividade desempenhada reverte a favor do serviço e
do trabalho. É executado sem qualquer remuneração ou lucro. Hoje não são apenas
os institutos religiosos a exercerem e cativarem para essa missão, mas também
muitas organizações não-governamentais (ONG) que possuem um quadro extenso de
pessoas que abraçaram as mais diversas áreas de apoio social à sociedade mais
carenciada.
O trabalho voluntário é exercido de forma séria, muitas vezes
necessita de especialização e profissionalismo, já que são realizados em locais
como hospitais, clínicas e até em escolas, no estrangeiro por exemplo. Ora para
este tipo de trabalho são precisos profissionais formados em diversas áreas,
mas também de pessoas que possuam vontade de participar deste tipo de
atividade.
Lembrando um pouco a história, vamos mencionar um dos
pioneiros que surgiu na Igreja Católica, e que ainda hoje é recordado na ação
dos seus seguidores (as): Vicente de Paulo, mais tarde levado às honras dos
altares, e que nos finais do séc. XVI organizou uma entidade integrada por
mulheres pertencentes a famílias aristocráticas, dedicadas a visitar os doentes
nos hospitais e os pobres em suas casas, para levar-lhes ajuda.
As Damas de Caridade foi uma organização que não prosperou,
de acordo com Kisnerman (1983) por causa do preconceito vigente na época,
segundo o qual as mulheres deveriam ocupar-se somente da casa e dos filhos.
Exatamente por isso, Vicente de Paulo passou a recrutar jovens camponesas, as
quais chamou, inicialmente de Servas dos Pobres, passando depois a Filhas de
Caridade e, finalmente, a Irmãs de Caridade, denominação que perdura até aos
dias de hoje. Atualmente ainda há diversas obras vicentinas que continuam a
aglutinar muitos voluntários e a trabalhar na prestação de apoio aos mais
carenciados.
A prestação do voluntariado é tão importante que as Nações
Unidas (ONU) não só criaram o Dia Mundial do Voluntário em Dezembro de 1985, há
30 anos, como designaram o ano de 2001 como o Ano Internacional do
Voluntariado. A legislação portuguesa define voluntariado como «o conjunto de
ações de interesse social e comunitário, realizadas de forma desinteressada por
pessoas, no âmbito de projetos, programas e outras formas de intervenção ao
serviço dos indivíduos, das famílias e da comunidade, desenvolvidos sem fins
lucrativos por entidades públicas ou privadas».
Mas mais importante do que aquilo que a lei refere é o
verdadeiro espírito de entreajuda que cada voluntário (a) emana perante as
comunidades e pessoas em dificuldade. Isso sim é de enaltecer e louvar, pois
para além de ser uma demonstração de humanismo sublime, insere-se no verdadeiro
espírito cristão de amor ao próximo.
Eduardo Santos / http://www.fatimamissionaria.pt/artigo.php?cod=33257&sec=7
Sem comentários:
Enviar um comentário