domingo, 27 de dezembro de 2015

Dia Mundial da Paz - 2016

VENCE A INDIFERENÇA,
E CONQUISTA A PAZ

A 1 de janeiro de cada ano, desde 1968, celebra-se o Dia Mundial da Paz, ([i]) uma iniciativa que o papa Paulo VI tomou a 8 de dezembro de 1967, quando em mensagem se dirigiu a todos os homens de boa vontade para os exortar a celebrarem o “Dia da Paz” em todo o mundo no primeiro dia de cada ano civil. Conforme o desejo que manifestou, o Dia tem sido celebrado como augúrio e promessa, que “mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro”.
Desde o primeiro ano da sua celebração, o Dia Mundial da Paz tem sido acompanhado de propostas de reflexão, sempre pertinentes e atuais: a promoção dos direitos humanos como caminho para a paz (1969), e se queres a paz defende a vida (1977), são apenas duas dessas propostas. Para 2016, o papa Francisco propõe “vence a indiferença e conquista a paz”.
Depois de enumerar algumas formas atuais de indiferença, o papa Francisco corajosamente refere que a paz se encontra “ameaçada pela indiferença globalizada” que em diversos aspetos da sua realidade contribui para o desenraizamento de “comunidades inteiras do seu ambiente de vida, constrangendo-as à precariedade e à insegurança, criando novas pobrezas, novas situações de injustiça com consequências muitas vezes desastrosas em termos de segurança e paz social.”
Mais à frente Francisco aponta caminho em direção à misericórdia e afirma que “também nós somos chamados a fazer do amor, da compaixão, da misericórdia e da solidariedade um verdadeiro programa de vida, um estilo de comportamento nas relações de uns com os outros”, requerendo isto “a conversão do coração, (…) capaz de se abrir aos outros com autêntica solidariedade.”
A solidariedade, continua Francisco, “é muito mais do que um «sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas, próximas ou distantes». Segundo Francisco, a solidariedade «é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos», porque a compaixão brota da fraternidade.
Assim entendida, a solidariedade constitui a atitude moral e social que melhor dá resposta à tomada de consciência das chagas do nosso tempo e da inegável interdependência que se verifica cada vez mais, especialmente num mundo globalizado, entre a vida do indivíduo e da sua comunidade num determinado lugar e a de outros homens e mulheres no resto do mundo.”
Depois de dizer da necessidade de ser fomentada “uma cultura de solidariedade e misericórdia para se vencer a indiferença” adianta que a paz é fruto dessa mesma cultura, afirmando ainda que apesar de haver “a consciência da ameaça duma globalização da indiferença”, não se pode deixar de reconhecer também, a existência de “numerosas iniciativas e ações positivas que testemunham a compaixão, a misericórdia e a solidariedade de que o homem é capaz.”
O papa Francisco recorda alguns “exemplos de louvável empenho, que demonstram como cada um pode vencer a indiferença, quando opta por não afastar o olhar do seu próximo, e constituem passos salutares no caminho rumo a uma sociedade mais humana.”
Colocando a paz sob o signo da misericórdia, o papa Francisco quase no final da sua mensagem formula ainda “um premente apelo aos líderes dos Estados para que realizem gestos concretos a favor dos nossos irmãos e irmãs que sofrem pela falta de trabalho, terra e teto”, que passem pela “criação de empregos dignos para contrastar a chaga social do desemprego,” situação que afeta ”fortemente, o sentido de dignidade e de esperança, e só parcialmente é que pode ser compensada pelos subsídios, (…). Especial atenção deveria ser dedicada às mulheres (…) a algumas categorias de trabalhadores, cujas condições são precárias ou perigosas e cujos salários não são adequados à importância da sua missão social.”
Finalmente, Francisco convida “à realização de ações eficazes para melhorar as condições de vida dos doentes, garantindo a todos o acesso aos cuidados sanitários e aos medicamentos indispensáveis para a vida, incluindo a possibilidade de tratamentos domiciliários.”
Nota do redator desta peça: no início deste ano de 2016, os melhores votos vão para a possibilidade de o trabalho voluntário que se realiza no campo da saúde, ser efetivamente e também, um caminho, para além da promoção do bem-estar das pessoas que são ajudadas e de todos os intervenientes, seja, dizia, um contributo para a superação da indiferença interpessoal, comunitária e global, em direção à paz também ela, interpessoal, comunitária e global. Bem-hajais voluntários da saúde, também vós fazedores da paz.
Porto, 1 de janeiro de 2016
João António Pereira, presidente da Direção / Federação Nacional de Voluntariado em Saúde




[i] Não se trata do Dia Internacional da Paz. Este celebra-se a 21 de setembro e foi declarado pela ONU – Organização das Nações Unidas, a 30 de novembro de 1981. Em 21 de Setembro de 2006, por ocasião do Dia Internacional da Paz, Kofi Annan afirmou que “a Assembleia Geral [da ONU] proclamou o Dia Internacional da Paz como um dia de cessar-fogo e de não-violência em todo o mundo (…) cuja finalidade não é apenas que as pessoas pensem na paz, mas sim que façam também algo a favor da paz.”

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