quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Pelos caminhos do voluntariado..........

VOLUNTARIADO E APRENDIZAGEM


Decorrente de prioridades e orientações da União Europeia, Portugal tem vindo a desenvolver, políticas de aprendizagem ao longo da vida. Um exemplo destas políticas é o sistema RVCC - Reconhecimento Validação e Certificação de Competências que proporciona a oportunidade a adultos para sistematizar a sua aprendizagem informal e obter correspondência das suas competências desenvolvidas no quadro curricular do sistema formal de ensino. No final dos processos concluídos com sucesso, os adultos obtêm um certifi­cado das suas qualificações e o reconhecimento social e formal da sua aprendizagem informal.
A política portuguesa para a aprendizagem ao longo da vida tem ainda muita margem de exploração, nomeadamente no que à dimensão do Volun­tariado diz respeito. Apesar de ter já motivado uma resolução da Assembleia da República em 2013 ou a iniciativa do Selo da Escola Voluntária, o reconhecimento da aprendizagem decor­rente do voluntariado não é ainda uma realidade global no país, e as pessoas voluntárias continuam a não dispor de um sistema para esse fim.
Já existem algumas práticas no domínio do reconhecimento da aprendizagem decorrente do voluntariado a nível europeu. As experiências neste campo em Portugal são esforços pontuais e/ou localizados, essencialmente protagonizados por organizações da economia social e universidades.
Conforme a legislação que desde 1998 existe em Portugal sobre o voluntariado, a Federação Nacional de Voluntariado em Saúde e as Organizações suas associadas, promotoras de voluntariado e representativas de voluntários do campo da saúde, têm como corrente e boa prática, a emissão de certificados comprovativos da participação dos voluntários, quer nas atividades de voluntariado quer nas de formação e capacitação, evidenciando os contributos da aprendizagem não formal para os cidadãos. Esses certificados emitem-se de acordo com as recomendações e propostas do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, organismo governamental que tutela o voluntariado em Portugal, e no qual a FNVS e suas associadas, se encontram devidamente registadas e enquadradas.


A Direção da FNVS / 31 de dezembro de 2015

domingo, 27 de dezembro de 2015

Dia Mundial da Paz - 2016

VENCE A INDIFERENÇA,
E CONQUISTA A PAZ

A 1 de janeiro de cada ano, desde 1968, celebra-se o Dia Mundial da Paz, ([i]) uma iniciativa que o papa Paulo VI tomou a 8 de dezembro de 1967, quando em mensagem se dirigiu a todos os homens de boa vontade para os exortar a celebrarem o “Dia da Paz” em todo o mundo no primeiro dia de cada ano civil. Conforme o desejo que manifestou, o Dia tem sido celebrado como augúrio e promessa, que “mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro”.
Desde o primeiro ano da sua celebração, o Dia Mundial da Paz tem sido acompanhado de propostas de reflexão, sempre pertinentes e atuais: a promoção dos direitos humanos como caminho para a paz (1969), e se queres a paz defende a vida (1977), são apenas duas dessas propostas. Para 2016, o papa Francisco propõe “vence a indiferença e conquista a paz”.
Depois de enumerar algumas formas atuais de indiferença, o papa Francisco corajosamente refere que a paz se encontra “ameaçada pela indiferença globalizada” que em diversos aspetos da sua realidade contribui para o desenraizamento de “comunidades inteiras do seu ambiente de vida, constrangendo-as à precariedade e à insegurança, criando novas pobrezas, novas situações de injustiça com consequências muitas vezes desastrosas em termos de segurança e paz social.”
Mais à frente Francisco aponta caminho em direção à misericórdia e afirma que “também nós somos chamados a fazer do amor, da compaixão, da misericórdia e da solidariedade um verdadeiro programa de vida, um estilo de comportamento nas relações de uns com os outros”, requerendo isto “a conversão do coração, (…) capaz de se abrir aos outros com autêntica solidariedade.”
A solidariedade, continua Francisco, “é muito mais do que um «sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas, próximas ou distantes». Segundo Francisco, a solidariedade «é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos», porque a compaixão brota da fraternidade.
Assim entendida, a solidariedade constitui a atitude moral e social que melhor dá resposta à tomada de consciência das chagas do nosso tempo e da inegável interdependência que se verifica cada vez mais, especialmente num mundo globalizado, entre a vida do indivíduo e da sua comunidade num determinado lugar e a de outros homens e mulheres no resto do mundo.”
Depois de dizer da necessidade de ser fomentada “uma cultura de solidariedade e misericórdia para se vencer a indiferença” adianta que a paz é fruto dessa mesma cultura, afirmando ainda que apesar de haver “a consciência da ameaça duma globalização da indiferença”, não se pode deixar de reconhecer também, a existência de “numerosas iniciativas e ações positivas que testemunham a compaixão, a misericórdia e a solidariedade de que o homem é capaz.”
O papa Francisco recorda alguns “exemplos de louvável empenho, que demonstram como cada um pode vencer a indiferença, quando opta por não afastar o olhar do seu próximo, e constituem passos salutares no caminho rumo a uma sociedade mais humana.”
Colocando a paz sob o signo da misericórdia, o papa Francisco quase no final da sua mensagem formula ainda “um premente apelo aos líderes dos Estados para que realizem gestos concretos a favor dos nossos irmãos e irmãs que sofrem pela falta de trabalho, terra e teto”, que passem pela “criação de empregos dignos para contrastar a chaga social do desemprego,” situação que afeta ”fortemente, o sentido de dignidade e de esperança, e só parcialmente é que pode ser compensada pelos subsídios, (…). Especial atenção deveria ser dedicada às mulheres (…) a algumas categorias de trabalhadores, cujas condições são precárias ou perigosas e cujos salários não são adequados à importância da sua missão social.”
Finalmente, Francisco convida “à realização de ações eficazes para melhorar as condições de vida dos doentes, garantindo a todos o acesso aos cuidados sanitários e aos medicamentos indispensáveis para a vida, incluindo a possibilidade de tratamentos domiciliários.”
Nota do redator desta peça: no início deste ano de 2016, os melhores votos vão para a possibilidade de o trabalho voluntário que se realiza no campo da saúde, ser efetivamente e também, um caminho, para além da promoção do bem-estar das pessoas que são ajudadas e de todos os intervenientes, seja, dizia, um contributo para a superação da indiferença interpessoal, comunitária e global, em direção à paz também ela, interpessoal, comunitária e global. Bem-hajais voluntários da saúde, também vós fazedores da paz.
Porto, 1 de janeiro de 2016
João António Pereira, presidente da Direção / Federação Nacional de Voluntariado em Saúde




[i] Não se trata do Dia Internacional da Paz. Este celebra-se a 21 de setembro e foi declarado pela ONU – Organização das Nações Unidas, a 30 de novembro de 1981. Em 21 de Setembro de 2006, por ocasião do Dia Internacional da Paz, Kofi Annan afirmou que “a Assembleia Geral [da ONU] proclamou o Dia Internacional da Paz como um dia de cessar-fogo e de não-violência em todo o mundo (…) cuja finalidade não é apenas que as pessoas pensem na paz, mas sim que façam também algo a favor da paz.”

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Pelos caminhos do Voluntariado...

«A maior recompensa do nosso trabalho
não é o que nos pagam por ele,
mas aquilo em que nos transforma -
John Ruskin».

O que têm em comum uma ex-inspetora da Polícia Judiciária e um ex-professor de línguas? Dedicam-se a dar apoio aos doentes do hospital de Portimão. O «barlavento» esteve à conversa com ambos, a propósito do Dia Internacional do Voluntariado, que se comemora hoje, dia 5 de dezembro.

«Acredito que o sentido da vida é dar sentido a outras vidas», defende Fernanda Cabral Teixeira, 62 anos, coordenadora do grupo de voluntários da associação «Elos de Esperança» da Unidade de Portimão do Centro Hospitalar do Algarve. Esta ex-inspetora da Polícia Judiciária (PJ) formou-se também em medicina, mas nunca chegou a exercer. A carreira policial foi «intensamente apaixonante» e consumiu-lhe todo o tempo. Talvez por isso, tenha encontrado no voluntariado hospitalar uma forma de estar mais perto da paixão que deixou para trás.
Para João Marques, 67 anos, este tipo de voluntariado é especial porque «os destinatários são os doentes. Estão física, psíquica e emocionalmente fragilizados, e fora do seu ambiente natural. Muitas vezes, são despojados daquilo que constitui a sua intimidade pessoal».
Encontramos este ex-professor a meio da tarde. Por esta altura, já tinha assinado o quadro de presenças e estava equipado com a bata amarela que identifica os voluntários. Entre as 9h00 e as 10h00 ajudou a servir os pequenos–almoços nas urgências. Depois deu apoio aos doentes na fisioterapia, fazendo o seu acompanhamento e transporte em cadeiras de rodas. À tarde, regressou às urgências. À noite, daria apoio aos serviços de Medicina Interna. Marques tem esta rotina três vezes por semana: terças, quintas e sextas-feiras. «A nossa função é humanizar os cuidados hospitalares. Há sempre oportunidade de ouvir os doentes. Dar-lhes uma palavra. Um gesto. O fundamental é a interação humana e o apoio emocional. Recebo sempre muito mais do que aquilo que dou. Aprendemos lições de coragem e de esperança», explica.
É difícil quantificar o número de pessoas que ajudam por dia. São inúmeras e varia muito. Só entre janeiro e outubro acumularam 20966 horas de voluntariado.
Cada voluntário contribui com o mínimo de três horas semanais, mas há quem faça até 16. Sábados e domingos incluídos. Atualmente têm 130 sócios e 103 voluntários ativos distribuídos por 13 serviços hospitalares. Cada serviço possui um voluntário responsável que coordena os outros. A formação e a integração de novos ajudantes acontece assim que é reunido um grupo mínimo de seis pessoas.
Os voluntários são na sua maioria mulheres entre os 40 e os 70 anos. «Temos, por exemplo, a voluntária mais idosa com 82 anos e a mais jovem com 18 anos. E temos voluntárias que fazem este trabalho há 28 anos». Marques nota que há cada vez mais interesse por parte dos jovens neste tipo de voluntariado.
É possível tornar-se sócio da «Elos de Esperança» após o pagamento de uma quota anual de 12 euros. O valor serve para «suportar um conjunto de despesas», nomeadamente, o suplemento alimentar que providenciam a alguns doentes. «Há pessoas que vêm de muito longe para consulta ou tratamento. Muitos não têm condições económicas para mais despesas. O suplemento alimentar que fornecemos pode significar a única refeição do dia», sublinha Teixeira. Facultam pacotes de bolacha, sumos, chás e águas. Distribuem ainda roupas para adultos e crianças «sinalizadas» pelos serviços sociais.
«Ser-se voluntário hospitalar é diferente. Algumas pessoas desistem ainda durante a fase de integração. É mais exigente e envolve gerir muitas emoções. Ou se quer mesmo muito, ou não se consegue», garante Teixeira.
«Há doentes cuja família não tem possibilidade de acompanhá-los, e outros que não têm mesmo ninguém. Especialmente os idosos. Recordo-me de um senhor com cerca de 80 anos, de Monchique, que não tinha rigorosamente ninguém. Estava sempre ansioso pela nossa visita. Era o momento reconfortante do dia. A nossa companhia era muito importante para ele. Do hospital seguiu para um lar», relembra.
Na Oncologia, onde muitos doentes fazem quimioterapia, «é desgastante estarem sozinhos todo o dia. São doentes altamente fragilizados», por quem Teixeira nutre um carinho especial. Nesta secção, recorda-se ainda de uma outra história: «conheci uma paciente extremamente arrogante. Mas eu mantive sempre a minha postura e sorriso. Passado algumas semanas, chegou ao pé de mim e pediu-me um abraço. Disse-me para nunca deixar de sorrir. Ganhei o dia!», confidenciou.
Teixeira termina com uma referência a John Ruskin, que diz que se adequa na perfeição a este voluntariado: «a maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas aquilo em que nos transforma».
(...)
por Sara Alves / Barlavento Algarvio

BOAS FESTAS DE NATAL


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O Voluntariado.....



"NA COMUNIDADE

A PARTIR

DA COMUNIDADE"

Mensagem do Sr. Arcebispo,
D. Jorge Ortiga,
para o Advento de 2015

Onde encontro Jesus, hoje

No espírito do programa que assumimos na Arquidiocese, queremos, quotidianamente, descobrir a fisionomia do discípulo missionário. Acredito que determinados traços devem ser conhecidos, trabalhados e vivenciados para que o anúncio do Evangelho seja eficaz e verdadeiro. Quando ser cristão é uma opção consciente e desejada, e não apenas tradição, descobrimos o quanto é importante o seguimento de Cristo.
Temos diante de nós um itinerário. Até ao Natal trabalharemos a necessidade de uma vida de fé que nos conduza ao encontro com Jesus. Não basta sermos formalmente cristãos. Isso não abre espaço a um encontro pessoal com Cristo, não nos implica nem nos transforma interiormente. Ser discípulo é caminhar atrás do Mestre, vivo e misericordioso, para crescermos em sabedoria e santidade.
Sugiro, por isso, neste tempo de Advento e de Natal, alguns “lugares” onde este encontro pode acontecer.
– Oração a partir da meditação das leituras do Domingo. Reservar um pouco de tempo para, pessoalmente ou em família, sentir a presença amiga e solícita de quem nos ama e vem ao nosso encontro. Libertos de preocupações, deixemo-nos encontrar por Ele. Jesus está aí.
–Ver a sociedade, local ou nacional, que nos rodeia e tomar consciência de que o mundo está a ser construído sem referência a valores e princípios que deviam ser identificativos da nossa identidade portuguesa. Escutar o que os acontecimentos e as pessoas nos dizem pode acordar-nos da sonolência que nos alheia da responsabilidade de construir um mundo melhor. Jesus está aí.
- Responder às inquietações de quem sofre com a ausência de bens materiais de primeira necessidade mas também de quem sofre espiritual e psicologicamente. O Ano da Misericórdia poderá ser, para muitos, o rosto amigo que poucas vezes viram. Jesus está aí.
- Oferecer tempo e vida para um compromisso efectivo na Igreja e no mundo. O voluntariado, na comunidade e a partir da comunidade, mostra a alegria do compromisso responsável. Jesus está aí.
- Procurar alguém que se afastou da Igreja e iniciar um diálogo fraterno onde, pelo testemunho e palavra, Cristo é anunciado. Há vizinhos que não conhecemos e pessoas a necessitarem de gestos representativos da ternura de Deus. Jesus está aí.
Neste espírito de encontro com Jesus Cristo, sugiro que a parábola do Bom Samaritano nos acompanhe ao longo do Advento. É uma parábola rica em imagens, valores, sentimentos e luzes que nos permitem reconhecer que o Natal não é um facto do passado. Levantemo-nos do sono e vislumbremos o Menino que vem ao nosso encontro. Não desperdicemos a graça deste tempo para um encontro mais consciente com Cristo.
Bom Natal, particularmente a quem sofre e a quem ainda não se encontrou com Jesus.


28 NOV 2015    http://www.diocese-braga.pt/noticia/1/6774