Quem são os voluntários do Coração Amarelo?
Nuns casos é
uma vizinha, um amigo, uma assistente social quem dá o alerta, noutros, são os
próprios que telefonam e pedem apoio — e hoje em dia até já é possível dizer
“quero companhia” através do site na Internet da associação Coração Amarelo que,
como tantas outras coisas nesta casa, foi desenhado e concebido em regime de
voluntariado.
Nem toda a
gente tem jeito para ir fazer companhia às pessoas, explica a presidente da
delegação de Lisboa. Mas há quem se ofereça para apoiar de outra forma uma
causa com a qual se identifica. Maria d’Assunção Cruz dá um exemplo: um empresário
de construção civil que dizia que para visitar os idosos semanalmente não tinha
perfil, mas que já pôs os seus funcionários a pintar casas, a arranjar
esquentadores, a colocar corrimões e a tratar de ligações elétricas.
“Sinalizamos dezenas de vezes casas quase em curto-circuito”, conta a
presidente.
Também há um
economista. “No ano passado fez um questionário de satisfação aos
beneficiários. Depois os questionários foram trabalhados na casa dos
beneficiários por alunos da Universidade Católica e da Nova.” E há ainda um
sociólogo, que fez a história da associação. “Ninguém sai daqui sem trabalho.”
O voluntário
“tradicional” da associação é, contudo, o que faz visitas. Nos primeiros
encontros com quem se propõe a apoiar, Maria d’Assunção Cruz, aposentada da
Segurança Social, procura avaliar perfis. E encaixá-los com os perfis dos
beneficiários. Tem resultado: em média, as amizades que a Associação Coração
Amarelo semeia duram dois anos e meio. Na verdade, duram muitas vezes até ao
fim da vida.
Como é que se
constroem “pares” que resultem? “Há pessoas que adoram ler em voz alta e idosos
que sempre adoraram ler mas já não conseguem ver. Há uma ex-professora de
Filosofia que se queixava de nunca mais ter conseguido conversar sobre
Filosofia com ninguém, desde que tinha deixado de dar aulas. Escolhemos um
diplomado em Filosofia para lhe apresentar, o que foi uma grande alegria para
ela.” Apenas exemplos.
Todos os
voluntários recebem formação. Cada um acompanha um beneficiário — um mínimo de
duas horas por semana é o que se pede. Olhando para o universo de Lisboa, a
maioria dos voluntários têm entre 41 e 80 anos. Mas há pessoas de todas as
idades — dos 18 aos 92.
ANDREIA SANCHES 02/05/2015 - 12:30 http://www.publico.pt/sociedade/noticia/quem-sao-os-voluntarios-do-coracao-amarelo-1694284
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