FALECEU ELZA CHAMBELPresidente do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado
A presidente do Conselho Nacional para a Promoção do
Voluntariado, Elza Chambel, morreu na terça-feira, aos 78 anos, e o funeral
está marcado para as 17:00 de hoje, no crematório dos Olivais (Lisboa), disse à
Lusa fonte próxima da militante socialista.
"Foi uma mulher que nunca se resignou aos obstáculos, que
ultrapassou sempre com muito trabalho e espírito positivo. Só não conseguiu
vencer o cancro", disse à Lusa a socialista Idália Serrão, que, enquanto
secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, nomeou Elza Chambel para a
presidência do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, em 2006.
Definindo-a como
"uma mulher pioneira", empenhada em "congregar vontades" e
pôr os seus "muitos conhecimentos" ao serviço da comunidade, Idália
Serrão lembrou que Elza Chambel foi responsável pelo programa nacional de luta
contra a pobreza.
"Portugal
deve-lhe muito", disse, frisando que o trabalho de Elza Chambel
ultrapassou fronteiras e é hoje "divulgado e aplicado em todo o
mundo".
Em 2012, depois de
ter coordenado as atividades do Ano Europeu do Voluntariado, que se assinalou
em 2011, Elza Chambel foi agraciada pelo Presidente da República com o grau de
Comendador da Ordem do Mérito, que se destina a "galardoar atos ou serviços
meritórios praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas,
que revelem abnegação em favor da coletividade".
Nascida no Rio de
Janeiro, Elza Chambel passou a infância e a juventude em Trás-os-Montes,
fixando-se em Santarém na década de 1960, inicialmente como notária (era
licenciada em Direito) e depois como diretora distrital de Santarém da
Segurança Social.
Militante do Partido
Socialista "desde a primeira hora" - inscreveu-se no PS de Santarém
em 1974 -, foi presidente de uma junta de freguesia da cidade e eleita para a
Assembleia Municipal, mas disse, numa entrevista ao semanário regional O
Mirante em 2008, privilegiar mais a "atividade de cidadania" que a
militância ativa.
Nessa entrevista,
afirmou que teve no Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra (onde se
licenciou) "uma boa escola de democracia" e que os seus amigos de
sempre são "de todo o espetro político".
Definindo-se como
"feminista entre aspas", Elza Chambel contou que acabou por integrar
uma comissão do sindicato quando foi "montar o contencioso da Caixa de
Previdência e Abono de Família de Santarém", em 1970, e se deparou com um
regulamento de 1963 que proibia as mulheres de irem além de chefe de secção
"porque não tinham capacidade para isso".
Foi a primeira mulher
a ser chefe de divisão em Portugal, recordou.
Em várias outras
entrevistas, explicou que se dedicou à causa do voluntariado por entender que
"os voluntários são imprescindíveis e fundamentais numa sociedade que se
queira socialmente coesa".
Contudo, alertou que,
sendo o voluntariado "um recurso importante da economia e da sociedade,
não pode nunca ser considerado uma alternativa ao trabalho normal remunerado,
nem tão pouco um substituto do mesmo e que não pode, seja em que circunstâncias
for, constituir um motivo para os Governos deixarem de cumprir as suas
obrigações sociais: as atividades de voluntariado são complementares nunca
substitutivas".
O corpo de Elza
Chambel encontra-se na Igreja do Campo Grande, onde se realizará uma missa às
13:30, estando o funeral marcado para as 17:00 no crematório dos Olivais, disse
à Lusa o presidente da concelhia socialista de Santarém, Rui Barreiro.
http://www.noticiasaominuto.com/pais/393099/morreu-elza-chambel-promotora-do-voluntariado-em-portugal
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