quarta-feira, 27 de maio de 2015

Pelos caminhos do voluntariado...

Lisboa: 
Assembleia Municipal recomenda o não uso de trabalho gratuito em eventos
Deputados municipais aprovam recomendação proposta pelo Bloco de Esquerda a favor do cumprimento da legislação laboral e não recurso abusivo a voluntariado nas iniciativas com apoio da Câmara Municipal de Lisboa.

Por iniciativa do Bloco de Esquerda, a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou uma recomendação pelo cumprimento da legislação laboral e não recurso abusivo a voluntariado nas iniciativas com apoio da Câmara Municipal de Lisboa.
O documento aprovado recomenda o desenvolvimento de estratégias que permitam assegurar que as iniciativas que decorrem na cidade e que contam com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa cumprem a legislação laboral vigente e que não recorrem a trabalho voluntário abusivo.
Além disso, recomenda que, nos eventos com fins lucrativos que apoia, articule com os promotores a realização de trabalho remunerado para as atividades de índole comercial e de execução de tarefas relacionadas com o fim lucrativo.
Rock in Rio e Volvo Ocean Race: isenções e trabalho não-remunerado
Recorde-se que eventos como o Rock in Rio Lisboa, ao qual ninguém pode contestar os fins lucrativos, costuma selecionar 400 jovens para trabalhar sem remuneração. O mesmo evento beneficia-se de isenção de taxas municipais pela Câmara Municipal de Lisboa, que já as manteve para as edições de 2016 e 2018. Além de não pagar as taxas, a Better World, empresa promotora, ainda beneficia de inúmeros serviços prestados gratuitamente pela autarquia.
Também a Volvo Ocean Race costuma selecionar 200 voluntários entre os 16 e os 30 anos que trabalham apenas a troco de refeições e transporte para o local. O evento recebe também a benesse de isenções por parte da autarquia lisboeta.

http://www.esquerda.net/artigo/lisboa-assembleia-recomenda-o-nao-uso-de-trabalho-gratuito-em-eventos/37138, 27 de Maio, 2015 - 11:47h

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Faleceu Elza Chambel

FALECEU ELZA CHAMBELPresidente do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado

A presidente do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, Elza Chambel, morreu na terça-feira, aos 78 anos, e o funeral está marcado para as 17:00 de hoje, no crematório dos Olivais (Lisboa), disse à Lusa fonte próxima da militante socialista.
"Foi uma mulher que nunca se resignou aos obstáculos, que ultrapassou sempre com muito trabalho e espírito positivo. Só não conseguiu vencer o cancro", disse à Lusa a socialista Idália Serrão, que, enquanto secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, nomeou Elza Chambel para a presidência do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, em 2006.
Definindo-a como "uma mulher pioneira", empenhada em "congregar vontades" e pôr os seus "muitos conhecimentos" ao serviço da comunidade, Idália Serrão lembrou que Elza Chambel foi responsável pelo programa nacional de luta contra a pobreza.
"Portugal deve-lhe muito", disse, frisando que o trabalho de Elza Chambel ultrapassou fronteiras e é hoje "divulgado e aplicado em todo o mundo".
Em 2012, depois de ter coordenado as atividades do Ano Europeu do Voluntariado, que se assinalou em 2011, Elza Chambel foi agraciada pelo Presidente da República com o grau de Comendador da Ordem do Mérito, que se destina a "galardoar atos ou serviços meritórios praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas, que revelem abnegação em favor da coletividade".
Nascida no Rio de Janeiro, Elza Chambel passou a infância e a juventude em Trás-os-Montes, fixando-se em Santarém na década de 1960, inicialmente como notária (era licenciada em Direito) e depois como diretora distrital de Santarém da Segurança Social.
Militante do Partido Socialista "desde a primeira hora" - inscreveu-se no PS de Santarém em 1974 -, foi presidente de uma junta de freguesia da cidade e eleita para a Assembleia Municipal, mas disse, numa entrevista ao semanário regional O Mirante em 2008, privilegiar mais a "atividade de cidadania" que a militância ativa.
Nessa entrevista, afirmou que teve no Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra (onde se licenciou) "uma boa escola de democracia" e que os seus amigos de sempre são "de todo o espetro político".
Definindo-se como "feminista entre aspas", Elza Chambel contou que acabou por integrar uma comissão do sindicato quando foi "montar o contencioso da Caixa de Previdência e Abono de Família de Santarém", em 1970, e se deparou com um regulamento de 1963 que proibia as mulheres de irem além de chefe de secção "porque não tinham capacidade para isso".
Foi a primeira mulher a ser chefe de divisão em Portugal, recordou.
Em várias outras entrevistas, explicou que se dedicou à causa do voluntariado por entender que "os voluntários são imprescindíveis e fundamentais numa sociedade que se queira socialmente coesa".
Contudo, alertou que, sendo o voluntariado "um recurso importante da economia e da sociedade, não pode nunca ser considerado uma alternativa ao trabalho normal remunerado, nem tão pouco um substituto do mesmo e que não pode, seja em que circunstâncias for, constituir um motivo para os Governos deixarem de cumprir as suas obrigações sociais: as atividades de voluntariado são complementares nunca substitutivas".
O corpo de Elza Chambel encontra-se na Igreja do Campo Grande, onde se realizará uma missa às 13:30, estando o funeral marcado para as 17:00 no crematório dos Olivais, disse à Lusa o presidente da concelhia socialista de Santarém, Rui Barreiro.

http://www.noticiasaominuto.com/pais/393099/morreu-elza-chambel-promotora-do-voluntariado-em-portugal

sábado, 2 de maio de 2015

Pelos caminhos do voluntariado...


Quem são os voluntários do Coração Amarelo?

Nuns casos é uma vizinha, um amigo, uma assistente social quem dá o alerta, noutros, são os próprios que telefonam e pedem apoio — e hoje em dia até já é possível dizer “quero companhia” através do site na Internet da associação Coração Amarelo que, como tantas outras coisas nesta casa, foi desenhado e concebido em regime de voluntariado.
Nem toda a gente tem jeito para ir fazer companhia às pessoas, explica a presidente da delegação de Lisboa. Mas há quem se ofereça para apoiar de outra forma uma causa com a qual se identifica. Maria d’Assunção Cruz dá um exemplo: um empresário de construção civil que dizia que para visitar os idosos semanalmente não tinha perfil, mas que já pôs os seus funcionários a pintar casas, a arranjar esquentadores, a colocar corrimões e a tratar de ligações elétricas. “Sinalizamos dezenas de vezes casas quase em curto-circuito”, conta a presidente.
Também há um economista. “No ano passado fez um questionário de satisfação aos beneficiários. Depois os questionários foram trabalhados na casa dos beneficiários por alunos da Universidade Católica e da Nova.” E há ainda um sociólogo, que fez a história da associação. “Ninguém sai daqui sem trabalho.”
O voluntário “tradicional” da associação é, contudo, o que faz visitas. Nos primeiros encontros com quem se propõe a apoiar, Maria d’Assunção Cruz, aposentada da Segurança Social, procura avaliar perfis. E encaixá-los com os perfis dos beneficiários. Tem resultado: em média, as amizades que a Associação Coração Amarelo semeia duram dois anos e meio. Na verdade, duram muitas vezes até ao fim da vida.
Como é que se constroem “pares” que resultem? “Há pessoas que adoram ler em voz alta e idosos que sempre adoraram ler mas já não conseguem ver. Há uma ex-professora de Filosofia que se queixava de nunca mais ter conseguido conversar sobre Filosofia com ninguém, desde que tinha deixado de dar aulas. Escolhemos um diplomado em Filosofia para lhe apresentar, o que foi uma grande alegria para ela.” Apenas exemplos.
Todos os voluntários recebem formação. Cada um acompanha um beneficiário — um mínimo de duas horas por semana é o que se pede. Olhando para o universo de Lisboa, a maioria dos voluntários têm entre 41 e 80 anos. Mas há pessoas de todas as idades — dos 18 aos 92.

ANDREIA SANCHES                        02/05/2015 - 12:30 http://www.publico.pt/sociedade/noticia/quem-sao-os-voluntarios-do-coracao-amarelo-1694284