FNVS: - NOVE ANOS AO SERVIÇO
DO VOLUNTARIADO NO CAMPO DA SAÚDE
É já no próximo dia 21 que a Federação
Nacional de Voluntariado em Saúde completa nove anos de vida ao serviço do
voluntariado que em Portugal se realiza no campo da saúde. Voluntariado esse, organizado
em Ligas de Amigos e em Associações de Voluntariado ou de Voluntários, em
parceria com as Unidades de Saúde, sobretudo as que integram o Serviço Nacional
de Saúde.
Tendo iniciado a atividade com onze
Organizações fundadoras; e estabelecido como objetivo, ser a plataforma de
integração, de representação e de defesa das Organizações de voluntariado e de
voluntários, do Campo da Saúde, suas associadas; e apesar das dificuldades que
tem encontrado pelo caminho, a Federação Nacional de Voluntariado, tem sido escolhida
por muitas Organizações; e é hoje constituída por mais de meia centena de
associadas efetivas, correspondendo a um universo superior a doze mil voluntários
de ação direta e regulares, presentes em todos os distritos e em todas a ARS’,
bem como nos Centros Hospitalares, nas Unidades Locais de Saúde, em ACES; e na
comunidade.
O voluntariado no campo da saúde e as
Organizações que o enquadram, são um setor de voluntariado com uma história tão
rica quanto singular, com uma atuação tão específica quanto organizada, com uma
postura tão exigente quanto disponível e solícita, que não quer nem procura
honras nem mordomias, porque o que o move, o que move todos os stakolders é o
serviço às pessoas que utilizam os serviços de saúde, um serviço sempre
gratuito, sempre responsável, sempre realizado com a sabedoria de quem sabe e
ama; e que de modo algum, alguém pode um dia pensar que terá o mesmo nível
de satisfação pessoal e institucional, se vier a ser realizado por
colaboradores remunerados.
As motivações que movem os voluntários são
de longe diferentes das que movem os outros colaboradores das Unidades de
Saúde. É assunto pacífico no âmbito da Gestão dos Recursos Humanos. Por isso, a
ação de cada tipo de colaboradores, não se pode nunca confundir uma com a outra,
nem a atuação dos voluntários pode ser conotada com alguma intenção de
contribuir para a redução de postos de trabalho.
Um voluntariado (o da saúde) bem
organizado, bem estruturado, com parcerias bem firmadas, com voluntários
criteriosamente selecionados, formados e capacitados, em que as funções e as tarefas
se encontram perfeitamente identificadas e caracterizadas, em que existe
qualificada coordenação ou direção técnica… Um voluntariado assim, é garantia
de que ele mesmo, as Organizações e os voluntários, são um efetivo contributo,
não apenas para o bem-estar dos utentes, mas e mais ainda, para o aumento do
nível da qualidade dos serviços de saúde, hoje entendida como uma necessidade
intrínseca aos próprios serviços, uma vez que existem para servir os utentes.
Se por um lado, o objetivo principal (ou
mais direto) da ação voluntária na saúde, é o serviço dirigido à pessoa, por
outro lado, é demasiado evidente que colateralmente, que há impactos positivos
nos serviços e nas Unidades de Saúde. Esta realidade não pode ser ignorada.
Também por isso, as Organizações de Voluntariado na saúde devem ser mais
queridas, mais apoiadas e mais consideradas, mesmo a níveis superiores da
governação e da política que giza os destinos dos cidadãos e do país.
Considerando a história recente e o que tem
sido dito sobre o voluntariado em geral e sobre o da saúde em particular,
parece que afinal “treta” é um vocábulo que não tem, nem lugar nem uso entre
nós, voluntários no campo da saúde. Mas também temos consciência que a nossa
ação, apesar de implicar a partir de nós, (como afirmou o presidente da
República) “compaixão, atenção, solidariedade, e capacidade para entender, para
apoiar e para secundar (…) ela é exemplar na sociedade portuguesa.” Porque esse
espírito (e essa cultura) “é fundamental em todos os domínios da sociedade
portuguesa.” Uma cultura que passa por “abertura aos outros, a disponibilidade
para os outros, o serviço dos outros, o ser capaz de ultrapassar os egoísmos”.
Depois de afirmar que “a disponibilidade
para os outros rejuvenesce”, o chefe do Estado acrescentou ainda que “o
trabalho voluntário, (…) vai para além da atividade profissional de muitos e,
noutros casos, representa uma forma própria, autónoma, de realização pessoal
que não tem a ver com atividades profissionais desenvolvidas no passado”. E
todos sabemos e temos consciência do bem-estar, da felicidade e da paz interior
que experimentamos quando chegam ao fim as nossas jornadas de ação voluntária.
Um grande bem-haja a todas as Organizações
de voluntariado que atuam no campo da saúde, especialmente às associadas da
Federação.
À Federação Nacional de Voluntariado em Saúde,
votos de vida profícua e longa.
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Este texto, escrito a 15 de maio de 2016, é da exclusiva
responsabilidade de João António Pereira, presidente em exercício, da Direção
da Federação Nacional de Voluntariado em Saúde.
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