sábado, 18 de julho de 2015

Pelos caminhos do voluntariado.....

VOLUNTARIADO
VIRA NEGÓCIO NA ÁFRICA

ALGUMAS ENTIDADES COBRAM DOS VOLUNTÁRIOS 350 EUROS POR MÊS, PREÇO QUE INCLUI TAXA DE INSCRIÇÃO E MANUTENÇÃO, ALÉM DA PASSAGEM DE AVIÃO E DOS GASTOS COM O VISTO
Cada vez mais jovens querem dar um novo sentido a suas férias, pegam a mochila e aterrissam em qualquer ONG da África para ajudar durante algumas semanas. Para isso é preciso tempo, empatia, esperança... e muito dinheiro.
Várias ONGs detectaram um lucrativo negócio nesta crescente necessidade de ajuda, e agora fomentam um voluntariado disposto a pagar para financiar seus projetos perante a diminuição de ajudas públicas.
"Elas se voltaram a captar voluntários, a criar projetos em torno deles e se financiar com as cotas que são cobradas", explicou à Agência Efe Laura Carmona, especialista em cooperação internacional para o desenvolvimento na África Subsaariana.
Entidades como Children of Africa, um exemplo que representa dezenas, cobra dos voluntários 350 euros por mês, preço que inclui taxa de inscrição e manutenção, além da passagem de avião e dos gastos com o visto.
"O voluntariado se transformou em um negócio que nada tem a ver com a cooperação internacional. Parece que só importa o dinheiro e que, portanto, é dirigido a pessoas que podem pagar", lamentou Carmona.
Este modelo atrai voluntários mais interessados em viver experiências e impor conhecimentos do que em compreender uma comunidade local e tentar apoiá-la.
"O voluntário é uma pessoa não remunerada e não especialista no campo, o que afeta a incidência dos projetos e as comunidades locais, que veem estrangeiros poderosos que desconhecem a idiossincrasia local e que acreditam saber do que os locais necessitam", criticou a especialista.
A visão dos principais envolvidos, os voluntários, é diferente. Alguns entendem que é justo pagar por seu alojamento e manutenção, enquanto outros opinam que seu trabalho, pelo qual não recebem nenhum salário, deve cobrir pelo menos este parágrafo.
"Colaborei em um centro hospitalar exercendo a medicina e a ONG cobria minhas despesas, é algo que me parece fundamental, pois ofereci um trabalho profissional de forma voluntária", comentou a esponhola Ana Gutierrez, que coopera com a Fundação Pablo Horstmann na Etiópia.
"Cerca de 75 euros por semana acho que é um preço justo porque 35% são destinados a cobrir meu alojamento e minha dieta. Trabalhamos com muitas crianças e de alguma maneira é preciso financiá-las", opinou Zaida González, voluntária no orfanato queniano Chazon.
Esta forma de financiamento das ONG tem uma sustentabilidade caduca, já que os projetos só poderão ser mantidos enquanto houver voluntários.
Outro modelo de cooperação que prolifera são as chamadas "férias solidárias", uma combinação de visitas turísticas ao país acompanhadas de um trabalho voluntário nos projetos da ONG que são organizados.
Vanesa Lozano, da ONG Africa Sawabona com sede no Senegal, defende este modelo perante a progressiva redução de contribuições públicas. "O simples fato de viajar é uma escola. Conhecer outros estilos de vida te enriquecem como pessoa", opinou à Agência Efe.
No entanto, para Carmona, o resultado é o mesmo. "Os viajantes financiam um projeto que não conhecem a fundo. São pessoas não selecionadas que caem nas comunidades de paraquedas".
Consciente da necessidade das ONG e da sincera vontade de muitos dos jovens que embarcam nestas altruístas aventuras, Lozano acredita que uma maior formação por parte das ONG aos voluntários melhoraria a experiência de forma bidirecional.
"Da mesma forma que com o voluntariado, férias solidárias com um bom acompanhamento e formação por parte da organização pode dar um sentido a este tipo de viagem, convidando as pessoas a se aprofundarem mais e conhecer os contextos que levaram às necessidades", propôs.
http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Visao/noticia/2015/07/voluntariado-vira-negocio-na-africa.html

sábado, 11 de julho de 2015

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Saber estar nos bons momentos
Ajudar nas más ocasiões
Poder gostar sem tormentos
Saber escutar as opiniões

São assim os amigos do peito
Que dizem sempre presente
Ajudam-nos de qualquer jeito
Cuidando tão bem da gente

Pode estar bem distante
Para nós não é importante
Basta-nos a disponibilidade

Para nos ouvir e escutar
Ter paciência e nos apoiar
No caminho da felicidade


JORGE BRITES

terça-feira, 7 de julho de 2015

Pelos caminhos do voluntariado...

JOSÉ, O SOLIDÁRIO

José Couceiro da Costa sentiu-se perdido, mas encontrou o voluntariado «no meio do nada». Um nada que lhe deu tudo.
Ganhou uma nova vida depois de o filho ter saído de um período de coma resultante de complicações pós-cirúrgicas. Foi a maior lição da sua vida – mas também a mais complicada.
Decorria o ano de 2013. Fernando, o mais novo dos quatro filhos de José Couceiro da Costa (na altura com 2 anos), fora submetido a uma cirurgia simples às amígdalas. E isso acabou por resultar na mais dura prova da sua vida. Uma série de complicações pós-operatórias obrigaram a um período de coma. «Foram 54 dias de um verdadeiro calvário», desabafa José Couceiro da Costa. Os dias começaram a ser passados na unidade de cuidados intensivos do Hospital de Santo António, no Porto. Apesar do enorme sofrimento, ficou marcado «pela positiva» e contou com a «excecional equipa médica, de enfermagem e de pessoal auxiliar». Foram eles que lhe «deram uma nova vida» e que permitiram contactar com a associação NoMeioDoNada, onde hoje é voluntário e membro da direção. É assim que se sentem os pais que têm os filhos internados em unidades pediátricas e de cuidados intensivos: perdidos, sem rumo e a precisar de muito apoio. «Depois de ter percebido a dimensão da ajuda que a associação dava aos pais e às crianças, comecei a interessar-me pelo trabalho deles.» E como recebeu tanto, quis de alguma forma contribuir e «retribuir a generosidade». E assim tem sido até aos dias de hoje. Além do apoio psicológico, a associação garante ajuda monetária aos pais de crianças internadas para que possam deslocar-se para as visitar diariamente ou para comprarem medicação. São 60 as famílias apoiadas neste momento, contando a associação com a ajuda de algumas entidades que contribuem com fraldas e laticínios. «A nossa preocupação é promover uma ajuda à família, mas sempre direcionada e focada nas crianças.»
A associação, presidida pela enfermeira Teresa Fraga (na fotografia), tem como projeto implementar uma unidade de cuidados continuados e paliativos para crianças até aos 18 anos. É um projeto pioneiro em Portugal, que irá englobar crianças com patologias crónicas. «O Kastelo terá trinta camas, 26 das quais destinadas a internamento, entre cuidados paliativos e cuidados continuados. As outras quatro serão dedicadas à unidade de dia, para crianças que necessitem de um apoio muito constante, mas que por força do seu estado clínico possam dormir em casa. A ideia é que os pais saiam de manhã para o emprego, vão trabalhar e fazer a sua vida e deixem as crianças no tratamento necessário no Kastelo», explica José. O grande objetivo é promover o bem-estar e dar um acréscimo na qualidade de vida das crianças e da família.
Ainda em fase de construção, numa casa doada à instituição, em Matosinhos, o projeto é apoiado de diversas formas. «Candidatámo-nos ao BPI Capacitar, fomos passando fases e ficámos esmagados com a notícia de que iríamos receber cem mil euros e que o nosso projeto tinha sido premiado. O valor ajudou nas despesas de equipamentos do Kastelo e perante o valor e significado deste prémio passámos a designar a nossa unidade de fisioterapia como Ginásio BPI Capacitar», explica. O dinheiro tem sido utilizado para a compra de equipamentos necessários para o tratamento destas crianças.
Uma vez que o apoio da família é fundamental, alguns pais poderão ficar a dormir no Kastelo para estarem mais próximos dos seus filhos. «Queremos que as crianças se sintam em casa mas com todas as valências de uma unidade clínica», diz José Couceiro da Costa. O projeto contará com uma equipa multidisciplinar, incluindo professores e educadores, que permitirão que a formação não seja descurada e que de alguma forma as crianças continuem a «adquirir competências adequadas». Além desta equipa, a associação conta com um grande número de voluntários. Uma ajuda preciosa, que José reconhece e agradece – ou não se dividisse ele também em muitas atividades e vivesse com o tempo muito preenchido, entre a administração de uma empresa e o voluntariado nesta e noutras duas instituições de solidariedade social.

http://www.noticiasmagazine.pt/2015/jose-o-solidario/