Assim como parece haver mil e uma
maneiras de cozinhar bacalhau, também existirão com certeza, várias e diversas
de olhar o tema “O Papel do Voluntariado na Saúde, Hoje!” que me proponho
tratar no Colóquio que se realiza hoje aqui em Nisa.
Não é novidade para ninguém que o
voluntariado (com designações próprias de cada tempo) é prática ancestral e
acontece sempre que há pelo menos duas pessoas e existe diferença de situação
entre elas, nomeadamente ao nível da satisfação das necessidades pessoais ou
sociais, da qualidade de vida, do bem-estar e mesmo da felicidade.
Sem caminhar no sentido de discorrências
teóricas, a abordagem de hoje (a minha abordagem), parte da consciência e da
justeza de fatos como por exemplo os do episódio chamado “Bom Samaritano”. Viu,
não discriminou, fez-se próximo, teve compaixão, procurou resposta à
necessidade, responsabilizou-se, comprometeu-se e ainda pagou do seu bolso.
Hoje e sempre, acredito eu, o papel
do voluntário e em especial do voluntário no campo da saúde passa (ou deve
passar) por “movimento” semelhante ao do Bom Samaritano.
O enquadramento da prática do voluntariado e o entendimento
da sua importância como serviço de pessoas a pessoas, tem evoluído e sofrido
mudanças ao longo dos tempos. A sociedade em geral, as Organizações e os
Governos têm mesmo assumido aspetos do voluntariado que dão hoje a este,
aspetos mais visíveis de responsabilidade social, de organização e de bem-fazer
bem feito, caminhando das razões da esfera pessoal e micro para âmbitos mais
alargados e também mais de acordo com o desenvolvimento da humanidade e das
políticas. Hoje, é consensual que as grandes razões para o compromisso com o
voluntariado se situam (ou devem situar-se) muito mais na prática comprometida da
cidadania ativa, visando o desenvolvimento pessoal e social, que apenas na procura
de recompensas a níveis não existenciais.
Sendo por um lado importante que se caminhe no sentido da
definição mais elaborada dos conceitos e dos princípios do voluntariado, que
ajude ao melhor enquadramento, como a perceção do papel do voluntariado, por
outro lado, não deixa de ser fundamental que em cada tempo, em cada momento e
em cada situação, esse papel seja, para além de prática, descoberta constante e
permanente. Afinal o voluntariado, pelo menos o do campo da saúde, é
essencialmente ato de ajuda de pessoas a pessoas. É uma relação de ajuda, mas
também é muito mais (acredito eu) de descoberta do outro e de cada voluntário, e um grande ato de amor para
com o próximo, não deixando de ser postura e prática ativa da cidadania.
João António Pereira
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