sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O PAPEL DO VOLUNTARIADO EM SAÚDE, HOJE!

Assim como parece haver mil e uma maneiras de cozinhar bacalhau, também existirão com certeza, várias e diversas de olhar o tema “O Papel do Voluntariado na Saúde, Hoje!” que me proponho tratar no Colóquio que se realiza hoje aqui em Nisa.
Não é novidade para ninguém que o voluntariado (com designações próprias de cada tempo) é prática ancestral e acontece sempre que há pelo menos duas pessoas e existe diferença de situação entre elas, nomeadamente ao nível da satisfação das necessidades pessoais ou sociais, da qualidade de vida, do bem-estar e mesmo da felicidade.
Sem caminhar no sentido de discorrências teóricas, a abordagem de hoje (a minha abordagem), parte da consciência e da justeza de fatos como por exemplo os do episódio chamado “Bom Samaritano”. Viu, não discriminou, fez-se próximo, teve compaixão, procurou resposta à necessidade, responsabilizou-se, comprometeu-se e ainda pagou do seu bolso.
Hoje e sempre, acredito eu, o papel do voluntário e em especial do voluntário no campo da saúde passa (ou deve passar) por “movimento” semelhante ao do Bom Samaritano.
O enquadramento da prática do voluntariado e o entendimento da sua importância como serviço de pessoas a pessoas, tem evoluído e sofrido mudanças ao longo dos tempos. A sociedade em geral, as Organizações e os Governos têm mesmo assumido aspetos do voluntariado que dão hoje a este, aspetos mais visíveis de responsabilidade social, de organização e de bem-fazer bem feito, caminhando das razões da esfera pessoal e micro para âmbitos mais alargados e também mais de acordo com o desenvolvimento da humanidade e das políticas. Hoje, é consensual que as grandes razões para o compromisso com o voluntariado se situam (ou devem situar-se) muito mais na prática comprometida da cidadania ativa, visando o desenvolvimento pessoal e social, que apenas na procura de recompensas a níveis não existenciais.
Sendo por um lado importante que se caminhe no sentido da definição mais elaborada dos conceitos e dos princípios do voluntariado, que ajude ao melhor enquadramento, como a perceção do papel do voluntariado, por outro lado, não deixa de ser fundamental que em cada tempo, em cada momento e em cada situação, esse papel seja, para além de prática, descoberta constante e permanente. Afinal o voluntariado, pelo menos o do campo da saúde, é essencialmente ato de ajuda de pessoas a pessoas. É uma relação de ajuda, mas também é muito mais (acredito eu) de descoberta do outro e de cada voluntário, e um grande ato de amor para com o próximo, não deixando de ser postura e prática ativa da cidadania.

João António Pereira

Sem comentários:

Enviar um comentário